A desigualdade racial dentro das escolas particulares de alto desempenho

Postado em:
11/7/23
A maioria das escolas particulares de alto desempenho no Brasil tem menos de 10% de alunos autodeclarados pretos e pardos.
Em São Paulo, nenhum dos dez colégios com melhor desempenho no ENEM 2019 registrou mais de 20% de alunos pretos ou pardos. A maioria dessas instituições oscilou entre 1% e 7%.

Top 10 escolas de Ensino Médio da cidade de São Paulo (segundo o ENEM-2019) de acordo com sua composição racial (Censo Escolar 2020)

Os dados tabulados pelo Grupo de Estudos Multidisciplinares de Ação Afirmativa (GEMAA), com base no Censo Escolar de 2020, são alarmantes, e apontam para números comparáveis àqueles existentes nos Estados Unidos antes dos anos 1960, quando ainda operavam leis de segregação racial na educação.
— Naturalizamos o sistema educacional privado de alto desempenho como um “apartheid racial na educação”. Consideramos natural ter escolas completamente brancas, como se fosse apenas problema das pessoas negras se elas não tiverem como pagar para estudar naquela escola — diz o coordenador da pesquisa, o sociólogo Luiz Augusto Campos, professor do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Iesp).
Esses dados, entretanto, ainda não oferecem um diagnóstico completo do tamanho da segregação nestes ambientes. Isso porque grande parte das escolas não computa a raça e cor de todos os seus alunos e, dentre aquelas que computam, cerca de um terço dos alunos optou por não responder. Evitando falar em raça, as escolas mantêm a segregação como está.
Apesar da alta subnotificação, a amostra obtida com base nos dados presentes é preocupante, e aponta para a urgência de um ambiente de aprendizagem mais diverso dentro das escolas particulares. Se queremos diminuir a segregação racial no Brasil, reduzí-la nas salas de aula pode ser um bom ponto de partida.

Por que a diversidade dentro das escolas é tão importante?

Uma escola diversa é um ambiente que inclui todos os estudantes, independente de suas diferenças, em um mesmo contexto educativo. É por meio dela que os alunos aprendem desde cedo sobre a importância de respeitar e conviver harmoniosamente com as variedades de gênero, cor, religião e comportamento.  
Quando indivíduos diferentes compartilham suas experiências e pontos de vista acerca da realidade em sala de aula, promove-se a construção de um conhecimento plural que amplia barreiras e supera as intolerâncias. Esse processo é fundamental para o fortalecimento da democracia e redução da violência. 
Além disso, o sentimento de pertencimento, acolhimento e aceitação das diferenças é fundamental para que os alunos tenham prazer em estudar e aprender, diminuindo a evasão escolar e o sentimento de não-pertencimento vivenciado por grupos minoritários. 

Arthur, Larissa e Maria Vitória, Jovens Sol universitários de medicina e direito

Para reverter o quadro de profunda segregação racial dentro das escolas particulares, mostra-se fundamental a adoção de programas de bolsa e permanência como o Instituto Sol.  
Atualmente, o Instituto conta com 60 Jovens Sol apoiados, sendo mais da metade deles do sexo feminino e pertencentes a grupos étnico-raciais não-brancos.
 
Esses jovens são inseridos em escolas e universidades que lhe seriam inacessíveis,e após alguns meses passam a se impor e pertencera esses novos ambientes.
Além disso, graças ao acesso à educação de qualidade, recebem a oportunidade de ascender socialmente e realizar seus objetivos profissionais.
Assim, a inclusão social de jovens de baixa renda e de grupos étnico-raciais minoritários em colégios particulares de alto desempenho é fundamental para reduzir a segregação racial desde os ambientes escolares até os ambientes profissionais, promovendo também a diminuição das desigualdades.

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